O Parque Paleontológico de São José de Itaboraí está localizado na área geográfica da Bacia de São José de Itaboraí. Esta bacia foi explorada por mais de 50 anos pela Companhia de Cimento Mauá para extração de calcário, mas com o fim das atividades extrativas, no final da década de 80, a área foi abandonada, e a água que minava no fundo da bacia preencheu a depressão, formando do pequeno lago que hoje abastece de água a população de São José. Em 02/04/1990, a Prefeitura Municipal de Itaboraí declarou esta área de utilidade pública, através de um processo de desapropriação, e em 12/12/1995, através da Lei Municipal no 1.346, criou o “Parque paleontológico de São José de Itaboraí”.
O principal objetivo do Parque é a recuperação e preservação da área da Bacia de S. José de Itaboraí, dos testemunhos da geologia original e dos fósseis remanescentes nestas rochas. Outras propostas do Parque Paleontológico de São José de Itaboraí são: a criação um museu ao ar livre, com exposição de réplicas em tamanho natural dos fósseis encontrados na bacia; o monitoramento da qualidade da água, de modo a possibilitar à população a continuidade do abastecimento e o estímulo ao turismo científico e ecológico.
As seguintes instituições e pessoas estão trabalhando na implementação e gestão do Parque Paleontológico de São José de Itaboraí:
Departamento de Recursos Minerais: Geóloga Kátia Leite Mansur
(kmansur@drm.rj.gov.br).
Instituto Virtual de Paleontologia/FAPERJ: Dra. Maria Antonieta Rodrigues
(tutuca@uerj.br).
UFRJ/Departamento de Geologia e Sociedade Brasileira de Paleontologia,
Núcleo RJ/ES: Dra: Lílian Paglarelli Bergqvist (Paleontologia;
bergqvist@geologia.ufrj.br).
UFRJ/Museu Nacional: Dra. Maria da Conceição Beltrão (Arqueologia);
Dra. Rhoneds Perez da Paz (Arqueologia; rhoneds@infolink.com.br);
Dr. Benedito Humberto Rodrigues Francisco (Geologia; bhrfransisco@aol.com)
A Bacia de São José de Itaboraí, ou Bacia de Itaboraí, como é freqüentemente denominada na literatura, está localizada no Município de Itaboraí, no Estado do Rio de Janeiro (22º 50’ 26.46” S, 42º 52’ 43.89” W). É uma das menores bacias brasileiras e o mais antigo registro da fauna continental cenozóica do Brasil (Paleoceno superior, aprox. 60 milhões de anos). Ela apresenta uma forma romboédrica, com eixo maior aproximadamente na direção NE-SW, medindo cerca de 1400m, eixo menor na direção NW-SE, com cerca de 500m de extensão, e profundidade máxima em torno de 125m, observada junto à Falha São José, seu limite sul. A Bacia de Itaboraí foi preenchida por uma seqüência de calcários clásticos e químicos intercalados, cortados verticalmente por fendas e canais de dissolução que formaram fendas, onde a grande maioria dos fósseis foi encontrada.
A Bacia de Itaboraí é o mais antigo registro brasileiro da fauna e flora fóssil continental que se desenvolveu após a extinção dos dinossauros, no final do período Cretáceo.
A despeito de seu pequeno tamanho, é ricamente fossilífera, tendo aqui já sido coletados milhares de fósseis de gastrópodes, vegetais, anfíbios, répteis, aves e mamíferos. Nenhum resto de peixe ou animal bentônico (que vive sobre o substrato) foi encontrado, muito possivelmente devido ao paleolago de Itaboraí ser formado por águas termais bem quentes, e à alta concentração de carbonato de cálcio dissolvido nela.
Os gastrópodes e os mamíferos são os fósseis mais abundantes na bacia. Os primeiros foram encontrados no calcário argiloso cinzento que formava o assoalho da bacia, enquanto os mamíferos são predominantes nos sedimentos que preenchiam as fendas que cortavam verticalmente os calcários. Os demais vertebrados e os vegetais são bem menos freqüentes que os dois grupos citados, e procedem tanto do calcário como das fendas.
Restos de preguiça gigante, mastodonte e tartaruga, de idade pleistocênica, foram encontrados num pequeno depósito de cascalho ao sul da bacia.